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Descrição
O curso apresenta uma visão ampla da escrita de si em três blocos tratando dos principais gêneros: diários, memórias e autoficção, por meio do estudo de textos e autores representativos deste campo literário, também pelo incentivo à escrita, com exercícios práticos a serem comentados conjuntamente ao longo dos seis encontros.
Ao apresentar relação de identidade entre o autor, o narrador e o personagem, a escrita de si faz coincidir o eu com o autor biográfico, embora o embaralhamento das fronteiras entre ficção e real e a elaboração da memória problematize a autorreferência.
As primeiras duas aulas tratam de um passeio pela filosofia apresentando a perspectiva foucaultiana da escrita de si. Michel Foucault remonta o aparecimento da escrita de si como ética dos cuidados de si na Grécia antiga; mais tarde, pontua, a literatura cristã associará a prática aos exercícios de confissão como meio de evitar o pecado. As Confissões de Santo Agostinho e Confissões, de Rousseau, além dos textos de Foucault dedicados ao cuidado de si, guiam as primeiras duas aulas do curso.
A memória à quente aparece no diário e apresenta o transcurso dos dias, a única exigência do diário é o pacto com o calendário. As perguntas “por quê”, “para quê” e “para quem” acompanham a leitura deste gênero textual e estimulam variadas respostas. Philippe Lejeune elenca as razões principais que levam as pessoas a escrever diários: conservar a memória, sobreviver, desabafar, conhecer-se, pensar, deliberar, resistir, e simplesmente escrever: “Mantém-se enfim um diário porque se gosta de escrever”. O estudioso também propõe a imagem do diário como uma “Garrafa lançada ao mar”: uma valiosa contribuição para a memória coletiva.
A terceira e a quarta aula do curso tratam dos diários de escritores e das particularidades das memórias de autoria feminina. As obras de Cesare Pavese, Franz Kafka, Virginia Woolf, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis, Maria Isabel Silveira, Eunice Penna Kehl, Floriza Barbosa Ferraz e Brazilia Oliveira de Lacerda.
A autoficção apresenta o sujeito-autor como criação artística que opera um desmonte: desmonta a experiência vivida para remontar a experiência narrada. As escritas autoficcionais de alguma forma combinam o eu ao outro, sendo o outro aquele para quem o eu olha a partir de fora. Serão estudadas as obras de Ricardo Piglia e Julián Fuks em contraponto com a escrita autobiográfica de Annie Ernaux (Prêmio Nobel de Literatura de 2022).
Objetivo
O aluno terá conhecimento das principais questões dos mais praticados gêneros da Escrita de Si.
Conteúdo
Módulo 1 – Abordagens filosóficas e motivações
Discutir, a partir dos entendimentos de Michel Foucault, Agostinho de Hipona, Rousseau e Philippe Lejeune, por que escrever de si, a quem se destina essa prática e qual sua relevância histórica.
Módulo 2 – Escritores em ação
Apresentação de análise de textos de autoras e autores importantes, abrindo as perspectivas da escrita de diários e outros textos autobiográficos: o que há (ou pode haver) neles de literário? Produção textual e análises conjuntas.
Módulo 3 – Autoficção
A autoria na fronteira da ficção e da autobiografia: como se pensa e de lê o que chamamos de autoficção. Análise de textos do gênero e da produção textual dos alunos.
Formas de pagamento
Cartão de crédito: 10 parcelas
Boleto: 3 parcelas – enviar email para secretaria@labpub.com.br
À vista via transferência bancária.- desconto de 10% – enviar email para secretaria@labpub.com.br
Certificado
Todos os participantes que assistirem 75% das aulas ao vivo ou gravadas receberão certificado.
Material de apoio
Todos os alunos poderão baixar o material usado pelos professores nas aulas.
Professora
Mariana Mendes
Mestra e doutoranda no programa de pós-graduação em literatura brasileira da FFLCH-USP, pesquisadora de diários e memórias de autoria feminina. É formada em Letras, editora freelancer e fundadora do canal Bondelê (www.bondele.com.br), dedicado à literatura produzida por mulheres. Trabalhou por 19 anos no departamento de Educação da Companhia das Letras e atualmente faz parte da equipe da Chão Editora. Entre 2018 e 2020, participou do Conselho Curador do Prêmio Jabuti.