Revisão a toda prova com André Albert
O professor do REAL JOB REVISOR DE TEXTO tem formação variada mas também se especializou para aumentar possibilidades no trabalho e se tornar referência importante. Nessa entrevista ele conta sua vivência e dá importantes dicas.
LabPub – Conte sua trajetória, por favor: Sua formação não foi diretamente
ligada à produção do livro, correto? Como construiu essas pontes em sua
vida, ligando outras vivências ao meio editorial?
André Albert – Minha primeira graduação foi em jornalismo, mas tenho familiares e amigos que trabalhavam e trabalham no meio editorial. Eu sabia que tinha facilidade com texto, então, conforme percebi que não tinha interesse em seguir em minha área de formação, busquei conselhos e informações com eles. Minha primeira experiência com revisão foi em uma revista, numa época em que eu ainda fazia ‘frilas’ de reportagem e redação jornalística, então dá para dizer que passei por uma transição gradual. Fui privilegiado por contar naquela época com pessoas que me apresentaram os fundamentos da revisão de provas e da preparação de originais, pessoas que depois confiaram em mim para auxiliar em trabalhos e me indicaram para editoras. Desse ponto em diante formei minha rede de contatos profissionais, que acabou sendo bastante variada, pois trabalhei e ainda trabalho tanto com livros didáticos quanto com não didáticos – o que não é tão comum, pois são meios com processos muito diferentes um do outro. Ao mesmo tempo, também aconteceu de esses contatos me indicarem a outras pessoas que trabalham com livros do mesmo segmento, o que aos poucos foi direcionando minha experiência profissional tematicamente. Tive sorte, pois consegui me dedicar mais a uma grande área de meu interesse, as ciências humanas. Recentemente cursei uma segunda graduação, em ciências sociais, e é inegável que isso foi muito proveitoso para o trabalho com livros desse segmento, embora minha decisão de voltar aos estudos tenha se devido muito mais ao diletantismo que a expectativas de especialização ou reconversão profissional.
LabPub – É muito comum que empresas peçam “experiência” dos candidatos a
vagas, as mais variadas, também no meio editorial. Para quem começa,
esse item é desesperador. Que dicas você dá a quem busca uma porta
aberta, mesmo sem carregar “experiência” ainda?
André Albert – Não vou dizer que é fácil, até porque, na atual conjuntura, mesmo profissionais experientes têm enfrentado dificuldades. Para quem ainda está estudando, o melhor caminho é, sem dúvida, procurar um estágio. Para quem já se formou, mas não está no mercado, a dificuldade aumenta. Os processos de seleção de funcionários e freelancers no mercado editorial ainda são, em grande parte, pouco profissionalizados ou pouco impessoais, no sentido de que a indicação continua tendo um peso grande. Isso não deve ser motivo para desanimar. Recomendo procurar primeiro editoras que publiquem livros em áreas de sua afinidade. Muitas vezes acabamos trabalhando com publicações que não têm a ver com nossos interesses (e tudo bem), mas é evidente que demonstrar afinidade e algum conhecimento dos títulos de determinado segmento torna as coisas mais favoráveis, o que acaba sendo melhor também para a qualidade do livro. Há editoras que pedem testes em seus processos de seleção de funcionários ou de triagem de freelancers. Essa é uma boa oportunidade não só para abrir uma porta profissional, mas também para obter um retorno a respeito de seu trabalho. O teste é uma oportunidade de mostrar que seu trabalho é cuidadoso, mas também pode ser uma oportunidade de aprender mais e de identificar pontos a ser melhorados para uma próxima tentativa. Ninguém deveria ter receio de pedir feedback de um teste.
LabPub – No curso REAL JOB REVISOR DE TEXTO você vai atuar como professor mas ao mesmo tempo como chefe no trabalho. É isso mesmo? O que esses alunos
podem esperar?
André Albert – No primeiro encontro, pretendo falar bastante sobre gêneros textuais, segmentos de mercado, particularidades de cada obra. É fundamental que as especificidades sejam consideradas em cada trabalho. O revisor não é uma máquina de correção; em alguns casos, “corrigir” ou padronizar segundo critérios mais formais pode arruinar uma obra, em especial as literárias. O manual de estilo e padronização de uma editora é uma referência importante, mas não é a única: bom senso e diálogo com o editor da obra são tão ou mais importantes. Nesse sentido, os encontros seguintes serão bastante interessantes porque vão permitir essa troca de impressões numa intensidade que é quase inviável no mercado, pois hoje em dia os editores infelizmente não costumam dispor de tanto tempo para isso. Eu, quando trabalho como editor, procuro sempre passar um feedback para os prestadores de serviços que contrato, então estou bastante animado com a oportunidade de fazer esse acompanhamento.
LabPub – Sua trajetória no meio editorial é variada. É possível identificar e
nos revelar qual o trabalho que você realmente mais curte e o que menos
gosta de fazer (ainda que necessário)?
André Albert – O que me dá mais prazer, sem dúvida, é o trabalho com livros de ciências humanas. Gosto, acima de tudo, de lidar com o texto, garantir a clareza das frases, verificar a precisão das informações e o encadeamento e a solidez dos argumentos; no caso de traduções, verificar tanto a fidelidade de ideias ao original quanto a adaptação estilística adequada à nossa língua. Quando edito livros e o diálogo com o autor e/ou o tradutor flui, é a melhor das experiências. O processo editorial também tem um monte de tarefinhas chatas, claro; acho que não consigo destacar uma que considere especialmente desagradável. Mentira: cobrar prazos é bastante desagradável, porque sei bem que a vida anda corrida – ainda mais para quem é freelancer, que lida com tabelas de valores desatualizadas e precisa garantir um giro de trabalho – e os cronogramas quase nunca ajudam.
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