Ela é editora do selo Auroras, mediadora de cursos na LabPub, jornalista, dançarina, escritora, e tem mais: leia essa entrevista para saber.
Ela só não contou como um dia de apenas 24 horas é suficiente para tanta criação, para o tanto que faz. O básico é saber que além de mediadora nos cursos da LabPub, ela é editora. Ou seja, põe em prática o que aprende lado a lado com as alunas e alunos, também contribuindo nas aulas com a própria experiência. Esse fim de ano, aliás, foi especial nesse sentido. Em menos de dois anos à frente do selo Auroras, um livro editado por ela, Descanso, de Rafaela Riera, foi um dos 10 finalistas da categoria “Romance de entretenimento” do Prêmio Jabuti.
LabPub – Você faz parte de um time na LabPub de profissionais que atuam na produção de livros, diretamente, e na educação voltada a este mercado: como funciona para você essas duas frentes simultâneas?
Dani Costa Russo – Desde quando me ofereci à Cassia (sim, eu fiz isso, rsrs), já entendia que meu trabalho à frente do selo Auroras cresceria muito, pois a LabPub é fonte inesgotável de conhecimento para mim. Nem sei quantos cursos já moderei, nem sei o quanto já estudei: toda semana algo novo entra na minha cabeça. Hoje, mais de um ano depois, isso se reconfigurou. Os dois trabalhos estão ligados, mas tenho muito mais experiência como editora, publiquei um monte de livros, fui para a primeira final do Jabuti com uma autora minha. Posso dizer que também tenho o que acrescentar às aulas. Então, é simultâneo e espelhado.
Com o conhecimento adquirido na LabPub vou tocando o Auroras; com o que aprendo editando no Auroras, conduzo a moderação das aulas na LabPub.
LabPub – Qual foi seu primeiro trabalho como jornalista e qual o primeiro trabalho no meio editorial?
Dani Costa Russo – Meu primeiro trabalho como jornalista formada foi de repórter e subeditora de um caderno de saúde e bem-estar no maior jornal do Espírito Santo, A Gazeta. Depois passei por várias editorias até me fixar como repórter de Cidades e Polícia, minhas paixões na época, pois me colocava nas histórias da cidade, na vida das pessoas de forma direta. O cotidiano sempre me deslumbrou e foi fonte da minha escrita. Meu primeiro trabalho no meio editorial foi o meu romance Beijos no Chão, que é independente, e sendo assim teve a minha edição. Não é o ideal se editar, mas foi o que tive que fazer para publicar.
LabPub – Você pode dar um exemplo de alguma decisão que você tomou como editora que tenha tido relação mais direta com algo que você viu nos cursos da LabPub, ou como aluna ou como mediadora?
Dani Costa Russo – Ah, tenho dezenas de decisões tomadas com base no que aprendi na LabPub. O meu TCC no curso Formação de Editor foi usado para criar o Auroras, que é um selo que só publica mulheres e tem seu nicho. Não pude colocar tudo em prática, pois mudei de ideia em alguns pontos, mas muitos conceitos foram aplicados, ainda são. Graças ao TCC, quando recebi o convite de criar o Auroras, eu sabia por onde começar.
De exemplo mais direto, no começo do selo, ainda aprendendo a ser curadora, editora de aquisição, fiz o curso Formação de Editor de Aquisição e apliquei o que aprendi de forma imediata. Aprendi como ler as obras, identificar o potencial, checar o tipo de preparação a ser feita, identificar o perfil da autora. Tudo o que aprendi nesse curso foi aplicado instantaneamente, exceto a questão dos contratos internacionais.
Sou dedicada, tenho cadernos com anotações das aulas dos cursos feitos, e eles ficam na minha mesa para conferência. O bom é que agora, como pertencente da equipe LabPub, tenho a chance de conversar com uns dos maiores editores do Brasil como colega de trabalho. Imagina! Eu tiro dúvidas, peço dicas, choro as amarguras da edição, celebro as conquistas. Tenho meus cadernos e ainda a oportunidade de falar com todos esses incríveis profissionais!
LabPub – Mais duas coisas: se está com algum projeto autoral em andamento, como escritora, e que outras coisas você faz na vida, fora do mundo do livro, tipo esportes, artes etc.?
Dani Costa Russo – Continuo escrevendo, hoje sou mais editora que autora, mas assim que eu sentir que é a hora, publico no meu selo uma obra minha. Duas estão em andamento, uma de contos e outra de poesia. Sou estudante de Escrita Criativa, busco me aperfeiçoar, então estou sempre produzindo para colocar em prática o que aprendo (e para auxiliar as minhas autoras).
Fora do mundo do livro eu sou uma espoleta rsrsr. A vida etérea da literatura, fincada nessa arte que não se toca nem quando o livro chega da gráfica, tem seu contraponto – sou do surfe, das quedas na água, gosto dessa vida de praia, movimento, mente livre, liberdade sem fim.
Sou da dança, já fui até de uma companhia de dança do ventre. Hoje sou uma “bailuda”, ou seja, uma habilidosa dançarina de forró. Agora que tentamos voltar à normalidade, posso dançar, e São Paulo tem uma vida musical pulsante todos os dias da semana. Aproveito.
Sou do Carnaval, toco em bloco, crio figurinos, sou boa artesã, adoro fazer coisas belas, deixar as pessoas mais alegres. O Carnaval de rua de São Paulo é uma das melhores cenas dessa cidade que tenta se humanizar a cada dia. E ele dura o ano todo.
Sou da noite, uma anfitriã empolgada num dos melhores e mais famosos bares culturais de São Paulo. Essa parte noturna da minha vida poucos sabem, não por ser secreta, não a guardo, mas a deixo sem uma grande revelação. Parece improvável que eu me dedique a isso, e eu bem gosto que seja assim, me faz sentir que posso ter várias vidas, em diferentes contextos, cenários, com diversificadas pessoas, como se eu fosse uma personagem em cada uma delas. Até a maneira como me visto é diferente nesses meus variados trabalhos. É empolgante ter tantas facetas. Me obriga a arrancar energia lá do fundo; me ensina muito, toda semana concluo que fiquei mais sábia com tanto contraste que surge. Me vejo como muitas.
Como arrumo tempo para tudo isso? Talvez eu esteja dentro de um livro e bem… quem o escreve está ampliando as horas para me fazer viver ao máximo. Não desperdiço as oportunidades de me sentir incrível.