O mercado editorial para historiadores

By 10 de junho de 2020 Blog

O mercado editorial para historiadores

Profissionais renomados no mundo do livro falam como suas formações em História os ajudam a trabalhar como editores, gerentes, produtores editoriais, entre outras funções no meio.

É senso comum que estudantes de Letras e de Editoração sejam os candidatos naturais às vagas de trabalho no mercado editorial brasileiro. E que jornalistas também transitam bem pelo meio. Mas, ó Heródoto, pai da História, não é que Gutenberg te deu esse presente? O mundo do livro é muito receptivo com historiadores. E temos grandes exemplos disso.

Formada em História na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Mariana Rolier se tornou editora ainda muito jovem. Mas ela conta que essa formação nunca deixou de ecoar em sua atuação, principalmente como editora de aquisição.  Depois de passagens importantes por casas como Rocco, Única, Leya, entre outras, ela hoje é a publishing manager da Storytel no Brasil (além de professora na LabPub).

“Aos editores de texto, é importante ter conhecimento da língua, claro. Acho muito legal também a formação em jornalismo, além de letras, dedicados na melhora e no equilibro narrativo dos textos. Mas o editor de aquisição, uma das suas qualidades, é visão de mundo. E o curso de História traz uma visão de mundo e conhecimentos claros de épocas, politicas, situações, empatia com outros povos, culturas, tempos; faz uma reflexão incrível sobre o futuro porque se a história se repete, em cultura também — volta e meia a gente revisita muita coisa. Acho que boa parte disso vem desse pensamento de historiador, de buscar respostas variadas (não há uma só resposta certa, né?). E como isso se encaixa na busca de tendências, nas apostas em livros e autores”. —  Mariana Rolier

Mariana Rolier lembrou que conhece alguns formados em História no meio editorial, mas que muitos atuam com não-ficção. Na ficção, como ela, ainda tempos pelo menos dois casos: Daniel Lameira, editor da Antofágica e da Aleph, e Luara França, da Companhia das Letras.

Gerente editorial da Global Editora, Gustavo Henrique Tuna é formado na Unicamp e tem doutorado em História pela Universidade de São Paulo. A escolha acadêmica se encontrou com a vida editorial numa esquina chamada Gilberto Freyre, que foi tema de seu mestrado. Trabalhar na obra de Freyre, editada pela Global, se tornou uma das principais portas de entrada para a trajetória dele como editor. Tuna passou depois a cuidar também de edições de Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colasanti, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, entre outros — em 2018 o livro O poeta e outras crônicas, de Rubem Braga, com seleção e prefácio de Gustavo, foi ganhador do Prêmio Jabuti.

“A formação do historiador para trabalhar no mercado editorial é muito eficiente no sentido de buscar referências no momento de concepção da edição de um livro. Seja ele um original, uma primeira edição, ou uma reedição. Digo isso porque o trabalho de escarafunchar fontes em arquivos acaba treinando você para buscar o substrato essencial para que um determinado livro seja produzido”. — Gustavo Henrique Tuna

Camila Cabete, senior country manager Brazil na Rakuten Kobo, conta que enquanto cursava História na Universidade Federal do Rio de Janeiro, não pensava em trabalhar no mercado editorial. Hoje, além de especialista no meio produtivo do livro, tornou-se uma referência importante em inovação. Ela é uma das pessoas mais atuantes do mercado no sentido de encarar o livro além de seu suporte tradicional, em papel. Uma visão de seu papel histórico na contemporaneidade? Muito provável.

“Quando terminei a faculdade, além de dar aulas, eu fazia alguns freelas de revisão para uma editora, que abriu uma vaga de assistente e pronto: fui sugada para o mercado editorial. Minha formação ajudou no aspecto de eu ter sido obrigada a ler muito. Principalmente, a leitura crítica é algo que definitivamente a gente desenvolve na faculdade de história. Isso certamente foi uma vantagem”. — Camila Cabete

E são apenas alguns casos — quem sabe um dia ainda poderemos fazer um levantamento mais abrangente sobre as formações de quem atua no mercado editorial? Enquanto isso, se você conhece alguém cursando História ou que já tem uma trajetória como historiador, lance essa luz no caminho da pessoa. E avise: a LabPub pode facilitar e muito essa caminhada.

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