Júlio Ibrahim apresenta o mundo maravilhoso dos Didáticos
A entrevista é breve, se comparada à profundidade do curso LIVROS DIDÁTICOS: PRODUÇÃO EDITORIAL, MERCADO E PERSPECTIVAS, que começa dia 15 de setembro.
A área de didáticos é das mais complexas do mercado editorial. Ao mesmo tempo em que é muito (e cada vez mais) variada, requer especialização. O professor Júlio Ibrahim é quem vai encarar o desafio de habilitar mais profissionais para atuarem nesse meio tão importante. Graduado em Letras pela Universidade de São Paulo e Especialista em Book Publishing pelo Instituto Singularidades/Casa Educação, ele atua no mercado editorial desde 2005. Ibrahim teve passagens pelas áreas de revisão, tradução e edição de textos de diversas casas editoriais como a Universo dos Livros e a Ciranda Cultural. Também coordenou produções didáticas de educação infantil, anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, em editoras de médio e grande porte entre 2010 e 2018, como a Editora Poliedro e a FTD Educação. Atualmente é gerente editorial de sistema de ensino na FTD Educação e um apaixonado pelo tema.
LabPub — A tecnologia – não só o ebook, mas o EaD e outras formas de interação – muda fundamentalmente o pensamento sobre a produção de livros didáticos? Ou você diria que a base de conhecimento segue sendo a mesma que no mundo analógico?
Júlio Ibrahim — O livro impresso continua tendo sua relevância e sua importância no dia a dia escolar. No entanto, há uma infinidade de possibilidades digitais que ampliam os aprendizados que são construídos durante a Educação Básica. Dessa forma, é essencial não só se apropriar dessas possibilidades como também construir pontes sólidas e com intencionalidades reais entre o conteúdo impresso e o conteúdo digital. Todas as reflexões sobre educação feitas atualmente levam em conta a cultura digital e não podemos ousar desconsiderá-la no contexto da produção de livros didáticos.
LabPub — Uma editora, um editor de literatura migra com facilidade para a produção de didáticos? Ou são mundos muito diferentes?
Júlio Ibrahim — São universos bastante distintos à medida que a produção de livros didáticos envolve não só os conhecimentos relacionadas à produção editorial como muitos outros, em especial à educação e à legislação. Um editor de literatura, por exemplo, precisa se apropriar das características do público-alvo ao qual a obra didática é direcionada, das novidades metodológicas e/ou pedagógicas para cada segmento de ensino, às diretrizes nacionais da Educação Básica e aos detalhes de programas governamentais de aquisição de obras, com destaque para o PNLD. Além disso, existe toda uma atuação pós-venda dos livros, uma vez que as editoras costumam prestar assistência aos professores e às famílias que utilizam as soluções educacionais por elas comercializadas.
LabPub — Quão variada é a formação dos profissionais de textos didáticos – Letras mesmo ou de diversas áreas da comunicação e ciências humanas?
Júlio Ibrahim — Em geral, as editoras de livros didáticos contam com profissionais de áreas bastante variadas. De partida, há os editores responsáveis pelos diferentes componentes curriculares; dessa forma, geógrafos, filósofos, biólogos e químicos, por exemplo, encontram espaço de atuação na produção de livros didáticos. Além destes, as editoras costumam contar com o trabalho essencial de assessores pedagógicos e outros tantos profissionais necessários para a cadeia produtiva do livro.