Eu amo EAD
Cassia Carrenho
“Achei que por ser EAD, era mais barato”; “Quando vocês terão no formato presencial?”; “EAD é mais fraco, né?”
Infelizmente, essas são algumas das frases que leio nos e-mails trocados aqui na LabPub. Tem dia que dou risada, tem dia que me irrito e ainda tem os dias que resolvo escrever (como estou fazendo agora) para trazer reflexão sobre o assunto.
A primeira coisa que precisa ser dita é: eu já fui a pessoa que pensava que EAD era “menor”, menos sério. Então, isso me dá algum crédito para compartilhar a minha caminhada. De incrédula à entusiasta do EAD. E dona de escola a distância.
Lembro quando surgiu o primeiro convite para trabalhar com EAD. O convite veio junto com uma torcida de nariz, desprezando o pobre coitado. “Não acredito muito nesse formato”, falei de pronto. André Castro, então, muito paciente como ele sempre é quando quer que uma pessoa entenda um outro ponto de vista, respondeu: Você está comparando coisas erradas. O EAD não pode ser comparado ao presencial, mas ao nada. Porque, para a maioria das pessoas, ou se faz um curso a distância ou não se faz nenhum!
Esse é o primeiro ponto de reflexão: o alcance do EAD. Para quem mora numa grande metrópole como São Paulo, isso nem passa pela nossa cabeça. São muitas ofertas, cursos, centros culturais, pagos, gratuitos, perto ou longe. Mas, não falta oferta.
Num país como o nosso, essa não é a realidade da maioria. E nem precisa ser uma cidade tão pequena! Sabemos que saindo do polo Rio-SP-Minas as oportunidades de cursos presenciais, com profissionais de destaque do mercado editorial são raras.
Lembro de um professor de uma cidade do interior de São Paulo, que participou do curso de Livros Didáticos. Quando ele me ligou para pedir informações sobre o curso, disse que fazia cursos EAD já há muitos anos, pois não poderia sair da sua cidade para buscar essa profissionalização.
O segundo ponto sempre questionável é a interação e o networking na hora do cafezinho. Não existe a interação presencial como estamos acostumados num curso presencial. Mas isso não significa que não existam interação e networking. Só é diferente.
Você fala diariamente com mais pessoas presencialmente ou via whatsapp? Prefere falar ao telefone ou gosta de receber todas as informações por email? Um curso EAD tem ferramentas que permitem que os alunos interajam entre si e com os professores. Além das ferramentas que usamos no dia a dia, o formato de transmissão ao vivo permite que o aluno envie perguntas e receba as respostas na hora em que a aula está acontecendo. No chat, os alunos trocam informações, currículos e oportunidades de trabalho.
Já vi alguns alunos conseguirem emprego com colegas e até professores, através desse networking virtual!
O terceiro ponto que é questionado é a “qualidade” do EAD, como se o fato de ser digital diminuísse o poder do conteúdo. Parece a velha (e chata) discussão entre livro digital e físico. Eu acredito que todo conteúdo pode ser usado em um novo formato, mas também acredito que não basta colocar no formato. Precisa adaptar, repensar e, se possível, conceber o conteúdo já para esse novo formato. Dessa forma, mantemos a qualidade.
Num curso EAD é assim. Uma aula não pode ser simplesmente jogada no vídeo. Os tempos são diferentes (sabia que no EAD uma aula rende cerca de 30% a mais de tempo?). A forma de trazer questionamentos é diferente, mas o conteúdo pode (e deve) manter sua qualidade.
Como eu disse no começo, eu já fui a pessoa que achava que EAD era ruim. Hoje sou uma entusiasta do formato, e não é porque é meu negócio. Foi quando recebemos a primeira matrícula de uma brasileira na Noruega, quando uma mãe deu de presente para sua filha adolescente um curso de roteiro, quando um deficiente visual se inscreveu para um curso, quando um aluno contou que nunca tinha visto tanto conteúdo acessível que fui entendendo o potencial transformador do que fazemos aqui.
Foram as histórias dos alunos que mudaram minha forma de ver o EAD.