ENTREVISTA: TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL É UM DESPERTAR
Conversamos com a psicóloga Esther Carrenho, uma das professoras do curso CAPACITAÇÃO EM TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL – ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA, que começa em 8 de janeiro.
Nesta entrevista, Esther Carrenho fala um pouco sobre sua trajetória profissional e explica como se dá a ACP (Abordagem Centrada na Pessoa) na resolução de conflitos entre pessoas de uma família ou um casal, em suas diversas composições e diferenças. Ela fala também mais diretamente a quem está se formando em Psicologia nesse momento e busca uma linha de atuação.
LabPub — Desde quando você se dedica à terapia familiar e de casal?
Esther Carrenho — Há mais de trinta anos. Antes de me formar em psicologia eu já atendia casais e família como aconselhamento voluntário em plantão psicológico, numa comunidade religiosa, tendo como referência a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP).
LabPub — Nesse período de pandemia, você vem sendo mais procurada?
Esther Carrenho — Sim. A busca por ajuda psicológica tem sido grande.
LabPub — E como são esses atendimentos, já que necessariamente realizados pela internet?
Esther Carrenho — Claro que no online não podemos trazer tudo que temos no presencial. Mas é possível também ter uma boa interação como facilitador psicoterapêutico, praticando todos os princípios da Abordagem: Aceitação incondicional, empatia, congruência e a crença de que ninguém melhor que o casal, ou a família tem o poder de saber qual é a melhor dinâmica para viver melhor.
LabPub — Qual o foco principal do terapeuta ACP: manter os relacionamentos ou pacificar as situações, mesmo que signifique separação?
Esther Carrenho — O foco do psicoterapeuta é facilitar para que tanto a família, como o casal percebam a dinâmica que criaram e estão inseridos. E conscientizá-los que o poder da mudança, ou não, está nos componentes da família ou em cada um dos parceiros da relação conjugal. E esta percepção, no geral, fica clara e consciente quando há uma comunicação adequada e uma escuta genuína entre todos. O foco do psicoterapeuta será facilitar para que a comunicação genuína de pensamentos e sentimentos de cada pessoa aconteça num contexto de acolhimento, onde todos poderão se expressar e serem escutados sem avaliação e julgamento. Desta forma a dinâmica (em geral, da qual há as queixas) poderá ser avaliada, negociada, discutida e possivelmente mudada.
LabPub — Agora, se dirigindo principalmente a quem está se formando em psicologia: quais são, na sua opinião, as principais oportunidades e os grandes desafios de quem escolhe hoje o caminho da terapia familiar e de casal?
Esther Carrenho — Penso que o principal desafio é que famílias sempre existirão. Mudam os formatos, mudam as culturas, mudam as crenças, mas por enquanto não tem outro jeito de vir a existência a não ser através da contribuição de um homem e uma mulher. E mesmo que quem vai criar e cuidar do ser chegado seja só uma pessoa, ou seja um casal hetero ou homo, de alguma forma todos estão inseridos em algum tipo de família, e formarão também uma família, que poderá em algum momento buscar um novo jeito de viver. Então, o trabalho em psicologia, nesta área, sempre existirá.