Conheça a professora de PRODUÇÃO GRÁFICA PARA LIVROS
Cecilia Arbolave comanda a turma 2 do curso, que começa dia 14 de setembro. Na entrevista ela conta como se interessou pela área e empolga ao falar das possibilidades da criação.
Não é apenas para quem já trabalha com produção gráfica ou deseja começar no setor: o curso PRODUÇÃO GRÁFICA PARA LIVROS fala também com autores e editores em geral. Quem garante é a professora! Cecilia Arbolave, jornalista, editora na Lote 42, nos faz rapidamente querer estar entre papeis e computadores para pensar em como os livros vão se apresentar aos leitores. Aqui é um daqueles casos em que ver cara é ver também coração. Esse curso tem como objetivo fazer um panorama da produção gráfica, apresentando os principais procedimentos de pré-impressão, impressão e acabamentos, sem deixar de abordar tipos de papeis, encadernação, tipografia e formas alternativas de explorar a criação de livros impressos.
LabPub — Pelo o que você percebe, as possibilidades da produção gráfica de livros hoje são bem utilizadas no mercado? Ou há muito ainda a se explorar em materiais, formatos etc?
Cecilia Arbolave — A qualidade impressa dos livros brasileiros é muito boa. Não só em relação a papéis, acabamentos e impressão, mas também ao design editorial, que explora a produção gráfica e faz projetos gráficos e capas atraentes, elegantes e com ousadia. No entanto, a produção gráfica oferece um enorme leque de possibilidades que nem sempre são exploradas. Experimentar demanda mais tempo, mais testes, mais trabalho. E entendo que dependendo do ritmo de publicação de uma editora, nem sempre dá para testar novos formatos para todas as obras. Mas acho que as prateleiras das livrarias e as bibliotecas dos leitores ficariam mais ricas com mais atenção dada à produção gráfica.
LabPub — Quem trabalha com texto também aproveita bem esse curso? Ou é muito específico para quem atua diretamente na produção gráfica?
Cecilia Arbolave — É um curso para todos! Entender o fluxo de produção de um livro, os processos e materiais envolvidos, ajuda a ter uma noção abrangente do que é um livro e como ele é feito. Muitas vezes sabendo de produção gráfica é possível propor soluções, mesmo não sendo da área. Uma vez ouvi a escritora gaúcha Veronica Stigger contar que no livro Sul, publicado pela Editora 34, ela criou um fragmento do livro pensando que as páginas do caderno poderiam ficar presas para que o leitor as rasgasse. Ela sabia do processo de acabamento e isso influenciou o processo criativo. Um exemplo de como a produção gráfica e a escrita podem se relacionar.
LabPub — Em recursos e mesmo na exploração de possibilidades, como você analisa a produção gráfica no mercado do livro do Brasil? Pode fazer comparação com alguns outros centros no mundo?
Cecilia Arbolave — Posso comparar com o mercado editorial argentino, com o qual tenho um contato um pouco maior porque acabo indo regularmente para lá e participando de eventos literários (ah, eu sou argentina!). Sinto que no Brasil, por mais que o custo dos insumos e dos processos de produção tenha aumentado nos últimos anos, temos, por um lado, muita variedade de papéis (nacionais e importados). Também contamos com tecnologia gráfica de ponta: o maquinário das gráficas brasileiras, ou pelo menos as de São Paulo, que são as que tenho mais contato, permite produzir livros com uma variedade ampla de acabamentos e de muita qualidade. Quando participo em feiras argentinas muitas vezes converso com colegas editores que olham para os papéis das edições que eu levo ou reparam nos formatos e me dizem que lá não daria para fazer igual. E eu vejo um pouco menos experimentação gráfica pelas minhas terras do que vejo aqui.
LabPub — Como você se interessou pela produção gráfica? Conte um pouco de sua trajetória, por favor.
Cecilia Arbolave — Entender como os livros são feitos sempre me interessou. Na nossa editora, a Lote 42, como somos uma equipe pequena, assumimos muitas funções e eu me aproximei dessa área. Nos primeiros livros eu ia na gráfica sem saber exatamente o que checar, mas aprendi na prática, com os próprios gráficos treinando meu olhar e me explicando os processos. Fiz também cursos e pesquisa própria para ampliar meu repertório. E como no nosso caso ainda temos sempre orçamentos apertados, para poder viabilizar alguns projetos tive que pesquisar soluções e materiais alternativos — e daí fui pegando o gosto!
LabPub — Pergunta filosófica (ou sem sentido, você vai dizer): se você elabora um livro muito mais bonito e atraente do que a relevância de seu próprio conteúdo, isso é enganar a leitora e o leitor?
Cecilia Arbolave — Complicado fazer essa separação forma/conteúdo porque em muitos casos o próprio formato pode também trazer camadas de sentido que o texto não revela. E ainda, quando forma e conteúdo se entrelaçam e conversam, o livro ganha uma potência enorme. De toda forma, acredito que a edição de um bom livro precisa ser trabalhada em todas suas camadas e que eventuais desequilíbrios podem prejudicar o resultado final.
Saiba mais sobre o conteúdo proposto e de como fazer sua matrícula:
https://www.labpub.com.br/producao-grafica-para-livros-t2/