Clássico é pra hoje mesmo!
Wellington Brandão, aluno da LabPub no curso MBA Book Publishing, é o responsável pela publicação desse Memórias de um Sargento de Milícias, muito frequentemente indicado em vestibulares, provas de pós-graduação e concursos.
“Na Edições Câmara sou o editor responsável pelas áreas de história e literatura, da qual essas Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, fazem parte. Nesse livro, como em outros da “Série Prazer de Ler”, buscamos um projeto gráfico atrativo, sobretudo para os jovens, que enfrentam obrigatoriamente essas leituras no ensino médio e para o vestibular. Sendo assim, evitamos aquele design mais sisudo que geralmente embala esses clássicos. Essa capa divertida e as ilustrações do livro são de Fabrizia Posada, nossa colaboradora. Em relação à preparação do texto, que neste livro foi trabalho da minha colega Maria Amélia Elói, que também é escritora, a orientação é que tenhamos um olho no presente (na atualização ortográfica, por exemplo) e outro no passado, atentando para as escolhas feitas durante a vida do autor. ”
O livro é do meio do século 19. Mas quando se lê hoje em dia – ainda mais com suas questões iluminadas por exemplo por Antonio Candido – a sensação é de que o personagem principal está sentado ao nosso lado, no ônibus, indo para o trabalho (ou fugindo dele, ou buscando um). O romance carrega uma vontade de desenhar certo caráter brasileiro. Isso é discutível, claro. Mas essa é uma de suas importâncias, a de propor discussão. Na trama está posta por exemplo a lama da burocracia, das relações de “amizade” que determina favorecimentos, cargos – um certo homem cordial, como viria a designar Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil. Lembremos: o Brasil nesse período de publicação do texto (1852-1854) era uma monarquia e a escravidão, vigente, legalizada, naturalizada como “necessária” para a economia nacional (como ainda hoje absurdamente há quem justifique). E não são poucos os cientistas sociais que comprovam a ligação direta daquele momento aos principais problemas da atualidade para a maioria das pessoas no país. Nessa publicação, da Edições Câmara, é o prefácio de Mauricio da Silva que traz, além da bibliografia de Candido, outras iluminações ao texto, principalmente de questões literárias, dessas que as provas pedem e os alunos sofrem – tudo para se poder fruir o que interessa: o divertido texto.
“Nós acreditamos, enquanto editora pública, que a literatura brasileira em domínio público é um patrimônio de todos e que o acesso a ela é um direito básico do cidadão, que só tem a ganhar em cultura e cidadania com essas leituras. Por isso nossas edições são baratas (a preço de custo), ou até mesmo gratuitas (no caso dos e-books e das doações a instituições que nos procuram).”
Memórias de um Sargento de Milícias
Manuel Antônio de Almeida
Edições Câmara, 2ª edição, 2019