Cabral, Coralina, Drummond e você
Entre agosto e setembro, a LabPub oferece a OFICINA DE POESIA, para quem deseja destravar a escrita, ampliar os caminhos na produção de poemas e compartilhar o amor aos versos.
Estão abertas as matrículas para a OFICINA DE POESIA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E CAMINHOS PARA SUA ESCRITA. Ela tem oito encontros, a partir de 11 de agosto, apresentando poemas motivadores que permitirão a conversa sobre os elementos do texto, as diferentes escolhas possíveis, as questões próprias do gênero. É uma oficina pensada para incentivar a escrita de cada participante, sem metas, sem cobranças — só incentivo. Abaixo, uma breve conversa com o professor, Andre Argolo, autor do livro Vento Noroeste (Editora Patuá), pós-graduado em Formação de Escritores pelo Instituto Vera Cruz e mestrando no Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
LabPub — Poeta nasce pronto ou poesia se aprende a escrever, por exemplo, em uma oficina?
André Argolo — As duas coisas e nenhuma das coisas. Não se pode negar que algumas pessoas parecem ter nascido para escrever poemas, o que chamamos de talento comumente, não é? Mas adoro uma frase do poeta Décio Pignatari (que está no livro O que é comunicação poética). Ele diz algo como “não é porque teve o Pelé que não vamos jogar bola”. É simples e resume bem: porque houve Drummond eu não posso escrever poemas? Vou escrever em maiúsculas pra deixar bem claro o princípio básico de nossa proposta: TODA PESSOA PODE ESCREVER BONS POEMAS. No entanto esse aprendizado é diferente. Não tem uma técnica que serve pra tudo. É uma construção, um despertar. A oficina é o lugar de se testar caminhos, de experimentar sem medo. A gente ali se inspira em vários sentidos, nos poemas que estudamos, nos que os colegas de curso apresentam (se e quando desejam), e no que esse remexer de palavras e conceitos faz brotar em nossa mente. Então, se aprende sim a escrever poemas, pela observação, pela prática, pela troca. Só não é algo que vem pronto. Por isso é tão humanizador.
LabPub — Quem tem interesse em participar da oficina precisa ser formado em Letras ou ter experiência com a literatura?
André Argolo — A poesia não exige diploma nenhum! Não é aula de gramática. Conhecer bem a língua e ter o hábito da leitura só ajuda, claro. Mas na oficina o objetivo é um crescimento único de cada participante. O que se busca é essa evolução absolutamente particular. Não tem competição. A poesia pede justamente o que é mais próprio da gente. Se meu universo de palavras couber num pequeno saco plástico, vou compor com ele. Se tenho uma mala cheia, melhor, tenho mais opção, mais possibilidades. Mas o resultado não se compara. Há participantes que vão conhecer já muito bem todos os poemas que vamos apresentar. Para outras pessoas, serão quase todos uma novidade. O que vale é o desdobramento do que estaremos tratando, ou seja, como as ideias vão se instalar na cabeça de cada um, provocando escritas diferentes. A partir de uma mesma provocação surgem textos completamente diversos. É uma riqueza sem fim.
LabPub — Você é quem produz o conteúdo desta newsletter. E é o professor da OFICINA DE POESIA. Não é muita cara de pau entrevistar a si próprio?
André Argolo — Sim, certamente é. Poderia ser um típico problema de ego inflamado. Mas, em minha defesa, acuso essa minha trajetória errante, que vai do jornalismo à literatura. Fazer o quê? É minha primeira formação a escrita de notícias, reportagens, textos de informação. Mas minha segunda formação é em escrita literária. Se der tempo nessa vida, ainda posso ser antropólogo! Todo caminho vale a pena. Melhor ainda quando vira poema.