Ele é podcaster, ele é designer de livros, ele cuida de conteúdo e de forma, nas várias formas que o livro assume: ele é Fábio Uehara, professor na LabPub
Eu nasci na Maternidade São Paulo, na cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo. Ou seja, paulistano, bem paulista e nipodescendente.
Tem um momento da minha infância que lembro muito claramente, foi de quando eu li Meu pé de laranja lima (José Mauro de Vasconcelos) e o livro me emocionou de um jeito… De viver todas as agruras do personagem, como se fosse comigo, de estar no meio daquela história e de ter todas as raivas e lágrimas daquela situação tão dolorida.
Eu a revivi pouco tempo atrás, escutando o audiolivro junto com minha esposa e meu filho, vendo-os passar pelas mesmas emoções, mas eu como adulto, pai e marido.
Minha vida profissional no mercado editorial começou quando fiz uma capa de um livro, publicado ainda na época da faculdade. Depois passei por frilas como produtor gráfico e designer. Até ter meu primeiro carimbo na carteira de trabalho neste mercado vital, como vendedor na Bienal do Livro de São Paulo. Foi no começo deste século…
Desde então, fui de produtor gráfico a Diretor de Arte, depois coordenei um dos primeiros departamentos de conteúdo digital, cuidando dos ebooks, e-commerce, até audiolivros. E estou neste mercado digital desde então. Hoje cuido da parte editorial da Tocalivros, sendo o contato com editoras e outros parceiros, para transformar livros em audiolivros. Junto com dar aulas é o que mais me completa, pois dar outra vida para os livros é algo muito satisfatório.
O que menos gosto é partes muito conservadoras do nosso mercado.
Livro de sua vida?
Talvez seja Minha querida Sputnik de Haruki Murakami (Alfaguara, 2008, com tradução de Ana Luiza Dantas Borges), que foi o primeiro livro na minha vida adulta que trouxe uma sensação de identificação na escrita e de algo emocional muito parecido com os primeiros livros na infância, como Meu pé de laranja lima ou os livros de Monteiro Lobato.
Momento fã
Trabalhar com livros me trouxe muita sorte, de conhecer pessoas que admirava muito. Autores como Drauzio Varella, Juca Kfouri ( que me rendeu o melhor elogio que recebi na vida), Ruy Castro, Walter Isaacson (autor da Biografia de Steve Jobs), Daniel Galera, José Saramago, Jô Soares, Angeli, Laerte. Mas também trabalhar nos livros de Drummond, Jorge Amado, Erico Verissimo me deixou tão orgulhoso quanto se tivesse apertado as mãos deles.
E talvez a maior história de encontro, ou melhor, não encontro, foi trabalhar em vários livros do Chico Buarque, e sempre ter o maior cuidado com a produção de seu livro, na época Budapeste (Companhia das Letras, 2003), e falar no telefone com ele. Quando Chico foi na editora para autografar, eu estava na gráfica, supervisionando a impressão do livro. Então acabei nunca conhecendo ele em pessoa.
Momento Ministério Especial da Leitura e do Livro: Ministro Fabio Uehara
Seria dessacralizar o livro. O livro é objeto especial, mas não deve estar em um pedestal, distante da maioria da nossa população. De estar ao alcance dos dedos e dos ouvidos. De ser uma possibilidade além deste objeto cultural e cultuado, mas de opção de entretenimento, que traz conhecimento, diversão, emoções e momentos prazerosos.
Ser professor
Eu me vejo como alguém que levanta as cortinas do mercado editorial, mostrando um pouco de como são feitas as coisas, por uma visão interna. E que são apenas pessoas comuns que trabalham neste mercado e têm um amor pelo que fazem. E quem, além deste apego, tem um mercado profissional e que está ao alcance de quem estuda bastante para chegar lá.
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Fabio Uehara é designer gráfico, marido e pai. Coordenador e professor do curso MASTER EM EDIÇÃO DIGITAL: EBOOK, AUDIOLIVRO, PODCAST E CONTEÚDO PARA REDES DIGITAIS. Em sua trajetória profissional, passou pelos segmentos de varejo, publicidade, webdesign e 15 anos atrás, entrou no mercado editorial. De vendedor na Bienal do Livro pela Companhia das Letras, passou a produtor gráfico, tornou-se diretor de arte e mais tarde criou o departamento digital da editora, um dos pioneiros no mercado brasileiro, sendo responsável pelas áreas de e-commerce, e-books, audiolivros e afins. Atuou também como Coordenador de Novos Negócios da HarperCollins Brasil. E atualmente é diretor de conteúdo da Tocalivros. Foi o responsável pela criação da Rádio Companhia, um dos podcasts pioneiros do mercado editorial, atuando como apresentador e produtor, e apresenta o Podcast do PublishNews semanalmente. Fez a produção do É Noia Minha da Camila Fremder e atualmente produz e edita Uma estrangeira, o podcast da Gabi Oliveira. Também tem o podcast pessoal Lanterna de papel. Tendo produzido mais de 250 episódios de podcasts e contando.