Jana Bianchi, da engenharia à tradução
Jana Bianchi, da engenharia à tradução
A escritora conta nessa entrevista como terminou de deixar o meio corporativo e abraçou o mundo do livro há exatamente 1 ano, pelo caminho da Tradução e dos cursos LabPub.
Jana Bianchi se apresenta de um jeito engraçado em seu site: “escritora, tradutora, editora, podcaster e passeadora de lobisomens”. A brincadeira é por conta de sua literatura de narrativas fantásticas. Entre tanta atividade, focamos desta vez a de tradutora. Jana é uma colecionadora de cursos e só na na LabPub fez FUNDAMENTOS DE ROTEIRO E NARRATIVA: COMO CRIAR HISTÓRIAS PARA FILMES, FORMAÇÃO DE TRADUTOR DE LIVRO e REAL JOB – TRADUTOR EDITORIAL: O DESAFIO DE TRADUZIR UM CLÁSSICO INGLÊS. Agora, vem colhendo os frutos do que semeou.
LabPub — Você fez alguns cursos de tradução na LabPub. Você já trabalhava como tradutora antes ou foi um plano para agregar essa habilidade ao seu trabalho?
Jana Bianchi — Não, ainda não trabalhava com tradução quando fiz meu primeiro curso na LabPub. Estou bem envolvida com o mercado editorial desde 2014 por causa da minha própria escrita, do meu podcast e da minha revista, mas por alguns anos paguei as contas trabalhando como engenheira de processos em uma indústria (pois é, sou formada em engenharia de alimentos rs). Na metade de 2017, resolvi tirar um período sabático para me dedicar aos projetos relacionados à escrita, mas já tinha a sementinha da vontade de trabalhar com tradução. Participei de alguns eventos e congressos como ouvinte, comecei a seguir e interagir nas redes com pessoas da área e passei a procurar cursos. Fiz o primeiro curso na LabPub no fim de 2018, e já no meio de 2019 peguei meu primeiro frila — e, com isso, meu período sabático acabou virando uma despedida permanente do mundo corporativo. Aliás, fui olhar o e-mail com minha primeira proposta de tradução, e acredite se quiser: faz um ano HOJE, enquanto escrevo esta resposta.
LabPub — Conte um pouco sobre suas experiências como tradutora, por favor.
Jana Bianchi — Nossa, nesse um ano (exatamente!) de traduções, tive o privilégio absurdo de fazer muitas coisas diferentes e incríveis. Traduzi livros de RPG — inclusive, essa minha primeira tradução há um ano foi justamente um manual infantil de Dungeons & Dragons, o que quase me fez ter um troço quando recebi a proposta —, livros de prosa (fantasia, ficção científica, infantil, young adult e clássicos em domínio público), contos, histórias em quadrinhos (tanto do inglês quanto do espanhol, de ficção e de não-ficção) e jogos de tabuleiro (de diferentes estilos e complexidades). Acho que nem se eu tivesse planejado eu teria traduzido tantas coisas diferentes, tive muita sorte de aceitar os trabalhos certos, falar com as pessoas certas nas horas certas, tudo isso. Nem preciso dizer que aprendi DEMAIS. Cada projeto tem suas particularidades, claro, mas com esse portfólio eu consegui experimentar muitas coisas bem específicas. Por exemplo, traduzir quadrinhos envolve todo um malabarismo para fazer os textos caberem nos balões, especialmente quando é do inglês para o português. Já traduzir jogos de tabuleiro exige certo cuidado para modificar os textos em inglês (que usam muita voz passiva e que diferenciam bem o possessivo seu/dele/dela, por exemplo, ao contrário do português) para que as instruções sejam o mais diretas e exatas possível — se você errar uma tradução de um manual ou de uma carta, pode acabar estragando ou até inviabilizando a experiência de jogo. A tradução de livro infantil exige outro vocabulário, outro cuidado com as piadas e expressões. Mesma coisa com young adult, é uma loucura como tem coisa a se considerar.
LabPub — Você é autora de ficção, entre contos e novelas. Como sente que a tradução te influencia como escritora?
Jana Bianchi — A tradução influencia na minha escrita tanto quanto minha escrita influencia na minha tradução. Traduzir exige um bom domínio do idioma de chegada — português, no meu caso —, então desde que comecei a traduzir venho fazendo um esforço constante de melhorar minha prosa através de muito estudo, consulta às gramáticas e leitura atenta de obras traduzidas por colegas experientes. Como consequência, a prosa que uso nas minhas próprias obras melhorou muito também. E uma coisa particular desse processo é que desde 2018 venho escrevendo coisas autorais direto em inglês, e passar o dia trabalhando com esse idioma, lado a lado com o português, só trouxe benefícios para a minha prosa em inglês também. Confesso que passar o dia inteiro com um editor de texto cansa, e isso às vezes interfere na minha rotina de escrita, mas o prazer que estou sentindo de trabalhar mergulhada em literatura faz valer a pena.
Para conhecer mais da obra de Jana Bianchi, entre outras atividades e criações da escritora, acesse: https://janabianchi.com.br/
E para seguir os bons passos dela, o lugar é aqui, a turma 5 do curso FORMAÇÃO DE TRADUTOR DE LIVROS, que começa no dia 2 de setembro, com aulas duas noites por semana, e os tão agradáveis quanto experientes Cassius Medauar e Guilherme Kroll como professores.