Toda livreira, cada livreiro do mundo
Das estantes aos pacotes, do balcão para as mochilas, porta malas do carro, sacolas. A pandemia os acuou e eles reagiram, batendo pernas para seguir sendo o que escolheram na vida.
Há muitos nomes, muitos lugares, mas sabemos que vem ocorrendo por todo o país: livreiras e livreiros, que vêm destacadamente sofrendo mais o golpe do isolamento social necessário para conter a pandemia do Covid-19, criaram novas formas de seguir vendendo. Poderia ser apenas desesperador, mas o que vem ocorrendo é essa rápida adaptação. O livreiro e a livreira não esperam mais os clientes, passaram a ir até os leitores.
Olha que o balcão já dava bastante trabalho. A arrumação das estantes, a manutenção das lojas, as contas, a leitura que é meio prazer e meio trabalho, os clientes chatos eventualmente… Pequenas livrarias que sobreviveram à concorrência das grandes lojas, e depois das grandes redes virtuais, de repente viram as ruas vazias e as estantes e mesas cheias de livros.
Soma-se ao cenário algo nada desprezível: cada um não é somente comerciante e tem as preocupações de não se contaminar, de cuidar dos familiares, suas casas para tratar além da livraria.
Mas cenas poéticas ocorreram nesse cenário assustador. As múltiplas histórias das entregas, curiosos contatos humanos ainda que sem abraços nem cumprimentos, os conselhos de leitura por telefone, todos os aplicativos disponíveis. Descobertas que provavelmente vão se desdobrar em outras. O que vai ser daqui a três meses? Daqui a um ano? No momento, temos isto a celebrar, entre tantos lamentos: a cara e a coragem dos livreiros e livreiras.