O agente é o segredo
Felipe Colbert conta que autores vêm atravessando o campo apenas das editoras para alcançar também as produções de audiovisual, pelas mãos dos agentes literários – ainda mais necessários hoje em dia.
A produção editorial é composta por diversos realizadores. Do autor ao gráfico, nada funciona muito bem isoladamente. Nesse poderoso elo se encontra o agente literário. Felipe Colbert há tempos adapta a velha função aos novos tempos, fazendo escritores que se lançam na internet chegarem também a grandes casas editoriais e além: também ao campo audiovisual. Agora, o autor do ebook Kindle Como Encontrar Editoras e Agentes Literários: Guia de Informações para Escritores está bem de olho nas mudanças radicais que a atual crise deve impor a todos no meio.
LabPub – Diante dessa crise geral, em especial do meio editorial, como vê o papel do agente literário? Já consegue enxergar com alguma clareza o que muda, que novas exigências se apresentarão em comparação com o cenário anterior?
Felipe Colbert – É inegável que o papel do agente literário cresceu muito no Brasil nas últimas décadas. Com as contínuas crises que passamos no mercado, muitas editoras reduziram a quantidade de funcionários que trabalham em seu departamento editorial. Antes era bastante comum termos o papel do Editor de aquisições, aquele profissional que passava a maior parte do tempo fazendo avaliações dos manuscritos. Hoje essa função ficou quase que restrita aos editores gerais e aos agentes literários. Portanto, um agente pode filtrar os melhores trabalhos que surgem no mercado para apresentá-los às editoras, suprindo, assim, uma atitude necessária na cadeia do livro.
Para os autores, a importância do agente tem sido tão grande neste momento que não nos focamos apenas em editoras. Estamos levando as histórias deles além dessas fronteiras, como as produções audiovisuais. Ainda este ano, fechei três contratos com produtoras que estão aguardando o melhor momento para transportar estas tramas para as plataformas de streaming, algo que está bem quente e favorável no mundo do entretenimento. Também cuidamos da carreira deles, como por exemplo, quando os colocamos para palestrar em uma Bienal do Livro ou uma Flip.
LabPub – O que você pode dizer hoje do cenário nacional do agenciamento literário no Brasil? Estão concentrados no eixo Rio-SP? Há mais profissionais pelo país em atividade? Cabem novas agências de agenciamento no Brasil ou há um limite estreito nesse meio?
Felipe Colbert – Como um todo, acredito que o mundo literário esteja mais concentrado no Eixo Rio-São Paulo, porque a maioria das editoras brasileiras ocupam esta área. Então é normal vermos os profissionais do agenciamento literário nela, mas com o avanço da tecnologia, não encaro isso como uma necessidade absoluta. Eu moro em São Paulo, e ainda assim atuo fazendo reuniões virtuais com os editores e muitos contratos são assinados digitalmente. Tive um caso recente de agenciar quatro autoras para um único projeto, sendo que elas moram em três cidades diferentes. Imagine se este contrato tivesse que percorrer todo este caminho, quanto tempo levaria.
Não sei dizer quantos profissionais existem no país, mas em relação às décadas de 80 e 90, este número deve ter crescido significativamente. Apesar de tudo, não encaro como um mercado em expansão, que vai absorver muita gente, até pelo formato do trabalho em si; reconheço que para se tornar um agente literário, o melhor é que o profissional tenha ocupado diversos cargos dentro da cadeia do livro anteriormente para entender como todo o processo funciona. No meu caso, em dezesseis anos de atuação, já fui autor, editor, parecerista crítico, ghost writer, entre outros. Networking também é imprescindível. O agente literário não pode ser encarado como um mero prestador de serviços, ele é um parceiro. Precisa despertar confiança nos autores e editores para o mecanismo funcionar bem, afinal de contas, está no meio do caminho entre eles.
Quem quiser conhecer melhor o trabalho de Felipe, acesse:
http://www.felipecolbert.com.br/