Toni Brandão e Bagdá, das páginas às telas
Livro que é sucesso entre jovens foi transformado em filme e ganhou prêmio importante no exterior. O escritor dá dicas sobre a negociação dos direitos.
Esse ano, o filme Meu nome é Bagdá foi premiado na importante Berlinale, Festival de Cinema de Berlim, na Alemanha. Esse reconhecimento da história dirigida por Caru Alves de Souza nas telas chegou também ao autor da história original, do escritor Toni Brandão, de Bagdá, o skatista, publicado pela editora Melhoramentos e sucesso entre os jovens.
Toni Brandão tem longa tradição em fazer pontes entre a literatura e outras artes, como cinema e o teatro. Outros livros dele já tiveram direitos cedidos para adaptações. E às vezes ele mesmo é quem adapta os roteiros. Mas não foi o caso de Bagdá. “Uma vez que cedo os direitos, confio totalmente”, disse ele para a newsletter da LabPub (onde é professor no curso ACADEMIA DE AUTORES – conheça!).
Toni faz roteiros para cinema – filmes e seriados –, por exemplo, de outros sucessos entre jovens, como O DJ, Garoto apaixonado e O garoto verde. No caso de Bagdá, as diretoras, segundo ele conta, têm perfil mais autoral e decidiram, por exemplo, que o skatista fosse a skatista, que possibilita outra abordagem às questões de gênero. “no livro o garoto é menino e tem uma prima skatista. Trabalhando no roteiro, a diretora sentiu que precisava que queria contar mais a história da Tati que do Bagdá. Ela refocou a história, a essência, o clima, a angústia dos personagens. Ficou legal pra caramba”.
Negociação
Sim, é rentável a negociação de direitos de um livro para o cinema. Mas Toni Brandão explica: a rentabilidade não é somente financeira e, sobre isso, a grana, alerta que é muito bem-vinda a participação de um agente literário.
“A base é a propagação de ideias. Já é rentável que a origem atômica de minhas ideias, digamos assim, migrem para cinema, teatro, videogame, música, que virem outros produtos culturais. Afetiva, intelectual, sensorialmente já é muito bacana. Agora, sei que você também quer saber objetivamente de grana. É sempre bom o autor negociar bem suas histórias. Se o filme está comprando o direito é porque ele faz sentido, e isso tem um valor de mercado, que você avalia de várias formas – prestígi, vendas etc.”. Toni recomenda fortemente que o autor deixe que um agente comande a negociação e que dê muita atenção a detalhes da própria história, a como será a adaptação. “Muitos de nós não tem noção de valorar o trabalho, saber quanto vale mesmo. É rentável, sim, mas se for bem negociado e cuidar muito do estilo dos personagens, que não se deixe colocar discussão de ideias que você não queira”.