Falando em português no Japão
Erika Huang acompanha o curso FORMAÇÃO DE TRADUTOR DE LIVROS direto do Japão, onde já trabalha como tradutora de programas de rádio
Erika Huang já trabalha como tradutora no Japão, vertendo programas de rádio do inglês para o português para a emissora NHK World Japan. “Atuo apenas há 3 meses como tradutora e inicialmente não tinha o objetivo de me tornar uma. Mas, como a oportunidade surgiu, resolvi aceitar o desafio e estou achando superinteressante!”. A experiência despertou nela possibilidades e passou a ficar interessada em saber mais sobre técnicas de tradução de livros, do ponto de vista das editoras, e sobre a rotina de um freelancer.
“Vivo na província de Kanagawa, que fica há aproximadamente 1h de Tóquio. Vim para cá com o objetivo de aprender mais o idioma japonês e os hábitos, cultura, business e o modo de pensar do Japão. E aumentando essa bagagem, tenho como meta de carreira ser uma ponte entre o Brasil e o Japão futuramente.”
Para quem faz o curso FORMAÇÃO DE TRADUTOR DE LIVROS a presença de Erika soma significativamente, por esse ponto de vista diferente que ela oferece. Por exemplo, suas observações quanto ao mercado editorial japonês. Prepare-se: agora Erika nos leva a um passeio pelo país que a tem encantado, com uma vida “muito prática, conveniente e interessante”, sempre com algo novo para descobrir e muitos lugares para explorar.
“A quantidade de livrarias aqui no Japão é grande! Como exemplo, moro em uma cidade relativamente pequena, mas num raio de 3km acredito que tenham umas 4 ou 5 livrarias. As livrarias são divididas em áreas como livros nacionais, livros internacionais, revistas, quadrinhos (muitos, mas muitos quadrinhos) e papelaria. Acredito que são organizadas de modo parecido com o Brasil. Mas a quantidade de livros/quadrinhos lançados por semana é alta. Sei mais a respeito dos quadrinhos: por semana tem pelo menos uns 20 lançamentos de séries diferentes. Como aqui as pessoas não possuem muito espaço para armazenar livros, o que realmente importa é que o produto seja barato, compacto e leve (para poder ler no trem com uma mão só, por exemplo). Por isso, o Japão opta por acabamentos mais simples para baratear o produto (a média é termos livros/quadrinhos na faixa de 600-1000 ienes, ou 6-10 dólares). No entanto, existem projetos com capa dura e acabamento premium, que são claramente voltados para um público que gosta de colecionar. Além disso, o mercado de livros usados é bem movimentado, tendo redes como a BOKK-OFF, que revendem livros e possuem lojas espalhadas por todo o país.”
“Falando sobre o projeto gráfico, cada editora possui uma família de fontes para o corpo de texto, mas não existe muita variação na diagramação, como a criação de abre de capítulos diferentes ou um projeto gráfico específico para as páginas. O idioma japonês é composto por ideogramas, o que o torna bem ‘quadrado’. Digo isso porque ao abrir uma página de um livro japonês, observando a mancha gráfica claramente percebemos que o grid não varia muito. Quase não existem preocupações quando à quebra de linhas, kerning ou coisas como viúvas. Quanto às capas, a maioria segue um estilo mais clean, com uma imagem abstrata e o título do livro. No entanto, existem muitos livros que optam por utilizar como capa a imagem do filme/série de televisão referente ao título ou uma ilustração no estilo ‘animê/mangá’ para chamar a atenção do público mais jovem. A maioria dos livros possui uma sobrecapa (mesmo em livros que não possuem capa dura) e quase sempre há cintas junto às capas com a descrição da obra e comentários de famosos.
Pronto, foi como se passeássemos numa livraria japonesa, e ainda com uma generosa guia local, falando em português muito claro. Que privilégio! Arigatô, Erika!